10.8.11

Seeding foi vítima da maldição dos pôneis?



Como quase todo mundo já viu, nas últimas semanas a Maldição dos Pôneis criado pela agência Lew/Lara TBWA se espalhou de forma impressionante, o video no YouTube tem hoje 9.274.883 exibições. No dia 1/8/2011 o perfil @LewLaraTBWA twitou que o assunto estava em 1º no trending topics Brasil e em 6º no mundo, o site Exame.com publicou as estatísticas do monitoramento e repercussão até 5/8/2011: Pôneis malditos, o fenômeno da Nissan em números. Entre vários indicadores a matéria cita 640 posts em blogs, 1.010 videos remix e derivados do original no YouTube, comunidade com 64 mil membros no Orkut, 178 mil citações no Twitter e alcance de 99.691.148 pessoas impactadas no Twitter e Facebook (em vez de pessoas talvez sejam impressões).

Estatísticas do video no YouTube

Nissan - Pneis Malditos - YouTube.png by wagnertamanaha on Aviary
Nissan - Poneis Malditos - YouTube.png by wagnertamanaha on Aviary

Clicando no botão que exibe as estatísticas do video no YouTube - Nissan Pôneis Malditos - podemos ver que a curva ascendente de visualizações começou dia 29/7 e as maiores fontes de tráfego para a subida e o empurrão inicial veio de anúncios veiculados no próprio YouTube. Não lembro de ter visto o video sendo anunciado no destaque principal da home, mas sim nos "Videos Promovidos/Promoted videos" que aparecem a direita da página.

A partir deste gráfico e das indicações exibidas pelas estatísticas públicas do YouTube podemos supor que nenhum blog, usuário popular ou influenciador em outras redes sociais (Twitter, Tumblr, Facebook, etc) foi responsável pelo crescimento da repercussão. Apenas a qualidade e pertinência do conteúdo junto com a estratégia de midia adequada, compra de espaço publicitário nas redes sociais, inserido no próprio YouTube ou outros canais do Google (Adwords, Orkut, etc) pode ter sido suficiente para provocar tamanho boca-a-boca espontâneo.

Já no Facebook, onde o aplicativo Maldição do Pônei tem 547.516 usuários, a abordagem foi mais radical e questionável, o endereço divulgado no video - www.maldicaodoponei.com.br - leva direto a instalação do app, sem passar pela fanpage ou qualquer pg explicativa.

Voltando ao gráfico do YouTube, os indicadores deixam a entender que o sucesso na viralização dos Pôneis Malditos não precisou do chamado "seeding", termo adotado por algumas agências digitais e empresas especializadas em midias sociais para designar desde algo parecido com o RP (relações públicas) nas redes sociais e blogs, passando pela divulgação em fanpages, comunidades e fóruns, chegando até mesmo a planfetagem em massa direto com usuários comuns no corpo-a-corpo, muitas vezes percebido como invasivo, no limite do spam.

Este modelo parece adequado para as agências de propaganda, que continuariam apostando na criatividade e sofisticação da produção, patrocínio e midia para conteúdo auto-replicáveis para uma audiência de massa, distante do perfil de relacionamento e atendimento ao consumidor. E o triunfo deste formato não surgiu de um fato isolado, a própria Nissan já vivenciou a repercussão do falso grupo musical The Uncles que lançou em 2007 para promover o modelo Sentra, e como revela esta outra noticia de 25/2/2011 na Exame - Para Nissan polêmica vende - com a Lew/Lara TBWA já vinha publicando videos com o mesmo raciocínio de comparação satirizando a concorrência - Rappers p/ Nissan Tiida, Agroboys p/ Nissan Frontier - e agora os pôneis malditos, que finalmente decolaram este conceito para além das espectativas.


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Limpador de língua contra o mau hálito, invenção de uma dentista brasileira

Tongue Cleaner / Limpador de Lingua
Tongue Cleaner / Limpador de Lingua, upload feito originalmente por Ricardo Carreon.

Um pequeno objeto de plástico em formato de V invertido criado pela Dra Ana Christina Kolbe foi lançado no XV Congresso Pernambucano de Odontologia no ano 2000. Recomendado para complementar a higiene bucal, ao lado da escova de dentes, fio dental e enxaguantes, tem como objetivo prevenir e diminuir a halitose e o bafo de onça. Com o invento patenteado a dentista fabrica o limpador de língua da marca Kolbe, vendido para ser usado no combate à placa bacteriana lingual, ou saburra lingual, segundo a Dra Ana, responsável por mais de 90% dos casos de mau hálito.

Limpador de Lingua Kolbe
Limpador de Lingua Kolbe, upload feito originalmente por Produtos de Saúde.

Em texto originalmente publicado no site Inventa Brasil Unicamp em 3/9/2008 e reproduzido no site da Kolbe - Limpador de Língua (em pdf) - a Dra Ana Christina Kolbe defende que a maioria dos casos de mau hálito está associado ao acúmulo de sujeira na língua, segue copy paste de trechos do documento:

(...) "São restos de alimento, bactérias e células, descamadas da mucosa da boca que se acumulam na superfícia da língua e entram em fermentação". (...)

Segundo a dentista,o processo de fermentação resulta em enxofre, que é volátil e acaba provocando o mau hálito. O limpador de língua, de acordo com ela, remove todos esses resíduos. Comparado com a escova de dentes, que já é recomendada pelos dentistas para a limpeza da língua, o aparelho desenvolvido pela dentista é mais eficiente. "Estudos revelam que o limpador de língua remove 1,3 gramas da saburra (resíduos acumulados na língua), enquanto a escova de dente retira apenas 0,6 grama", afirma Ana Christina. Segundo ela o aparelho é mais eficiente porque alcança a região superior da língua, de difícil acesso para a escova.

(...) o aparelho é fruto de 11 anos de pesquisa da dentista. Ela se baseou em limpadores de língua existentes no passado. "Havia aparelhos para retirar a sujeira da língua em osso e pedra desde a pré-história. Na Europa eles eram feitos de marfim e prata", conta a dentista. A produção em escala industrial do limpador Kolbe, entretanto, começou a 4 anos (2004). Seu uso é recomendado após a escovação e o uso do fio dental para as pessoas que tem halitose. Quem quer complementar a higiene e prevenir a halitose deve usar o aparelho apenas depois da última escovação, antes de deitar.

(...)

A inventora do raspador de língua ainda foi fundadora e primeira presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO), hoje Associação Brasileira de Halitose (ABHA). Se o produto for adotado na rotina da higiene bucal tem a chance de se tornar um invento brasileiro na lista de produtos de consumo de massa, ocupando o espaço na pia do banheiro ao lado de escovas e barbeadores.

Apesar de patenteado pela Kolbe, derivações ou adaptações do formato e método de funcionamento podem ser lançados por empresas concorrentes de outros países ou mesmo locais. Já vi nas farmácias limpadores de língua em formato de laço e com marcas de multinacionais conhecidas. A imagem que ilustra este post é de um artesão que fabrica e vende limpadores de língua feitos com bambu na feira do Bairro da Liberdade em São Paulo/SP. Só não sei se o objeto é da tradição japonesa e oriental (como os limpadores de ouvido de bambu) ou se foi inspirado no limpador de língua da Dra Ana Kolbe.

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5.8.11

Cursos online grátis da FGV e P2P University

Estúdio
Estúdio, upload feito originalmente por FGV Online.

Matéria no site do Sidney Rezende publicado dia 26/7/2011 - FGV Online é indicada a prêmio internacional de programa mais inovador - fala dos cursos online grátis disponibilizados pela FGV e sua inclusão na categoria "iniciativas mais inovadoras" na premiação do consórcio internacional de educação aberta Open Course Ware Consortium (OCWC).

Os cursos gratuitos disponíveis e respectivas incrições estão no endereço www5.fgv.br/fgvonline/CursosGratuitos.aspx

Segue copy paste da reportagem no site SidneyRezende.com:

FGV Online é indicada a prêmio internacional de programa mais inovador
SRZD - 26/7/2011 - Hélio Almeida

A tendência de cursos a distância cresce no país. Um consórcio internacional de educação aberta, a Open Course Ware Consortium (OCWC), promove uma premiação para as instituições de ensino que se destacam. No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV), com sua unidade de educação online, está entre as melhores do mundo de acordo com o ranking da OCWC, e concorre na categoria "iniciativas mais inovadoras". O diretor executivo da FVG Online, Stavros Xanthopoylos (foto abaixo), disse ao SRZD que estar entre as principais universidades abertas do mundo (a primeira em Língua Portuguesa) é importante para contribuir na construção do processo educacional do futuro, e que ganha força a cada dia.

Os cursos de extensão oferecidos pela FGV Online são gratuitos e já receberam mais de 8,7 milhões de acessos desde 2008. Stavros disse que são mais 200 participantes de mais de 100 países representados no consórcio OCW, cujo prêmio reflete a opinião daqueles que atuam no mercado de educação a distância. "Para nós é importante a indicação, pois nos engrandece bastante. O nosso empenho em oferecer materiais educacionais de qualidade e o apoio e engajamento dos alunos foram fundamentais para obtermos mais essa conquista".

A FGV Online está entre as melhores intituições do mundo. Stavros a proposta é primeira iniciativa em Língua Portuguesa, e a primeira a colocar conteúdo no Brasil. Ele disse que a educação à distância já é uma realidade e o prêmio, que são fortes candidatos a levar, pode dar mais visibilidade no país. "Estamos no cenário mundial de um movimento de educação aberta, de recursos abertos educacionais gratuitos, e certamente é algo que vai moldar de alguma forma a parte de um processo educacional do futuro. E sendo reconhecido como potencial candidato a vencer na categoria de inovação deixa a gente muito feliz.

A instituição, que faz do consórcio OCW há três anos, promove cursos de extensão de curtíssima duração e são abertos ao público. De acordo com diretor executivo do curso, hoje existe um fluxo de visitantes que é um dos maiores do mundo em termos de visitantes por curso. "Para se ter uma ideia, o MIT (Massachussets Institute of Technology) no mês de março teve de 1,5 milhão de acessos no conteúdo deles. Eles têm 2.060 cursos no ar, que é todo o material didático. Nós tivemos no mesmo período 600 mil acessos em 24 cursos. Ou seja, enquanto eles têm 630 visitas por curso eu tenho mais de 18 mil".

A FGV possui indicadores do perfil do candidato, o que ajuda a enterder o público. "A maioria que acessa são aquelas pessoas que não teriam condições de pagar um curso na Fundação Getúlio Vargas. Estamos falando de pessoas com renda em torno de R$ 2.100 por mês, com faixa etária na maioria entre 25 e 35 anos, e uma pequena vantagem de mulheres solteiras acessando. Quase que 100% (99,7%) tem seus objetivos atingidos, recomendariam para outra pessoa ou fariam outro curso da instituição. E temos um outro tipo de público que utiliza nosso curso como carga extra curricular, que é aceito pelas instituições de ensino. Tem também uma parte constituída por presidentes de empresas para entender alguns termos, e depois de experimentar um piloto acabam comprando um curso".

Stavros afirma que o fator de inovação que existe hoje são disciplinas patrocinadas. "Temos uma parceria com o Wall Mart, que bancou o desenvolvimento de três disciplinas de varejo sustentável. Os nossos professores desenvolveram o conteúdo conceitual e usou o caso do Wall Mart pra ilustrar. E essas disciplinas são veiculadas no site da OCW com o selo do Wall mart do lado. E isso é um contexto inovador, pois é um modelo de negócios, de patrocínio para você disponibilizar gratuitamente o conteúdo. E agora tenho outro que vai sair, que é para pessoas saberem lidar com as finanças pessoais. Temos outros que iremos visar a área de Direito. Vamos expandir."


P2P University


O sucesso da iniciativa da FGV na área de e-learning gratuito me fez lembrar da plataforma aberta da P2P University, onde as pessoas podem criar e participar cursos e treinamentos online nos mais variados temas e disciplinas. Em março do ano passado o professor Sergio Amadeu lançou o curso Cidadania e Redes Digitais na plataforma e segundo divulgado em 19/2/2010 no Caderno Link do Estadão - P2P University em português - os cursos Introdução ao Pensamento de Paulo Freire, Civil Hacking e Cidadania em Redes Digitais elaborados pela Casa de Cultura Digital teriam sido disponibilizados anteriormente.

Os cursos disponíveis na P2P University estão listados no endereço P2pu.org/en/groups/

Ainda no ano passado uma dica no Twitter do @dolemes citou a seleção publicada pelo pelo blog DIY Learning com os 50 melhores cursos online abertos mantidos por universidades: Open.edu - Top 50 University Open Courseware Collections.


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Máquina de fazer caipirinhas do inventor José Correa

Caipirinha
Caipirinha, upload feito originalmente por GregPC.

Pesquisando sobre que fim levou a idéia da Caipireasy, máquina de fazer caipirinha criada pelos alunos do Instituto Mauá de Tecnologia em 2006, descobri que o inventor José Correia tem um projeto parecido que participou do Domingão das Invenções no Faustão. O site do programa da TV Globo - Novas invenções (17/8/2008) - descreve que o objetivo da invenção é atender o grande público rapidamente levando 30 segundos para fazer cada caipirinha.

Infelizmente não encontrei nenhuma gravação do programa mostrando em video o funcionamento do aparelho, mas na página Inventoteca do site Hotel de Negócios tem a informação que José Corrêa é mecânico industrial de Blumenau/SC e desenvolveu uma máquina de construção simples, o inventor garante que faz a melhor caipirinha do mundo. É formada por um dosador de açúcar, dosador de pinga e cortador de limão.

No site Revista Portuária encontrei essa reprodução de uma reportagem antiga do jornal Diário Catarinense:


Caipirinha automática conquista os alemães
21/11/2007 - Diário Catarinense

Ambiente propício para o fechamento de negócios, o 25º Encontro Econômico Brasil-Alemanha pode mudar a vida do inventor José Corrêa. Convidado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de SC (Fiesc), Alcantaro Corrêa, para participar com um estande no evento, José encantou os alemães com sua invenção.

Com o que chama de "primeira e única máquina automática no mundo de fazer caipirinhas", José chegou aos pavilhões do Parque Vila Germânica com um apelo inigualável ao paladar alemão. É que os estrangeiros adoram a bebida tradicional brasileira, mas num encontro de apenas dois dias com quase 2 mil participantes seria impossível contentar a todos se não fosse a invenção de José.

Equipamento prepara um drink a cada 35 segundos

- O equipamento faz uma caipirinha a cada 35 segundos. Tem dois espremedores de limão, um dosador de açúcar, quatro entradas de cachaça e uma coqueteleira automática.

Durante o primeiro dia de evento, foram quase mil caipirinhas, demanda difícil de ser suprida, a não ser por um bom contingente de barmans ou por um equipamento com a praticidade e rapidez oferecida pela máquina de José Corrêa, que usa cachaça Inox, produzida em Jaraguá do Sul.

- Se eu tivesse produção, já teria mercado na Bahia, São Paulo e Suíça para vender a máquina. Mas é um processo complicado. O presidente da Fiesc viu o equipamento na feira de inventores e me trouxe para o evento. Aqui já recebi várias ofertas para industrializar o produto. Acho que desta vez vai dar certo. Só estou ansioso porque já errei com outros inventos e com esta máquina quero fazer tudo direitinho - conta.

José só conseguiu deixar o pavilhão do Parque Vila Germânica apenas à 1h da madrugada de ontem, apesar de as reuniões oficiais do evento terem terminado em torno das 20h da segunda-feira.

- Eles gostam mesmo da bebida.

Assim como as máquinas de cortar e espremer laranja desenvolvidos pelos italianos para fazer sucos presentes em várias padarias pelo Brasil, acho que algo parecido para caipirinha, ou até mesmo limonada, pode ter sucesso por aqui.

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3.8.11

Festival de Ideias, inovações para o desenvolvimento social

Iniciativa do Centro Ruth Cardoso em parceria com V2V, Mandalah e Catarse, o primeiro Festival de Ideias, Inovações para o desenvolvimento social (FdI). Segundo o site, a iniciativa quer promover o intercâmbio de ideias, criação colaborativa e soluções inovadoras, primeiramente em torno dos temas: mobilidade urbana, catástrofes naturais e violência. As 3 melhores ideias ganham R$ 10.000,00 cada e as melhores participam da etapa presencial que vai acontecer dias 20 e 21 de setembro na Cinemateca Brasileira em São Paulo/SP.

O Festival de Ideias (FdI) explica ainda que funciona na mesma plataforma em código aberto da rede de crowdfunding Catarse.me, o cadastro é feito a partir de outras redes sociais mais utilizadas e as ideias sugeridas (descritas em até 140 caracteres) poderão ser remixadas, copiadas e modificadas por todos.


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Quando Arnaldo Jabor reclamava do Twitter e dos falsos textos em seu nome na internet

Cabeção
Cabeção, upload feito originalmente por Carlos Macedo.

O comentarista de TV e diretor de cinema Arnaldo Jabor, que ao lado de Luis Fernando Veríssimo, talvez seja o principal nome a quem atribuem os textos que fazem sucesso em correntes por email, powerpoints motivacionais e agora mensagens compartilhadas no Facebook. Em 2009, nesta coluna publicada no Estadão e reproduzida abaixo, o cineasta reuniu alguns parágrafos e frases atribuídas a ele, reclamando dos elogios e mensagens de felicitações que recebe por estes textos que nunca escreveu.

Arnaldo Jabor também critica as redes sociais, o Twitter e seu falso perfil @Arnaldo_Jabor, também apócrifo, que hoje tem 232.689 seguidores. Pela coluna escrita 2 anos atrás ele nem considerava, mas desde o ano passado ele mantém um perfil oficial @realjabor (477.855 seguidores) cujo lançamento anunciou em sua coluna no Jornal Estadão em 24/8/2010: Estou nascendo hoje na internet.

Abaixo, copy paste da coluna publicada em 2009:

Blogs, twitter, orkut e outros buracos
03/11/2009 - O Estado de São Paulo - Arnaldo Jabor

Não estou no “twitter”, não sei o que é o “twitter”, jamais entrarei neste terreno baldio e, incrivelmente, tenho 26 mil “seguidores” no “twitter”. Quem me pôs lá? Quem foi o canalha que usou meu nome? Jamais saberei. Vivemos no poço escuro da web. Ou buscamos a exposição total para ser “celebridade” ou usamos esse anonimato irresponsável com nome dos outros. Tem gente que fala para mim: “Faz um blog, faz um blog!” Logo eu, que já sou um blog vivo, tagarelando na TV, rádio e jornais... Jamais farei um blog, este nome que parece um coaxar de sapo-boi. Quero o passado. Quero o lápis na orelha do quitandeiro, quero o gato do armazém dormindo no saco de batatas, quero o telefone preto, de disco, que não dá linha, em vez dos gemidinhos dos celulares incessantes.

Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer. Olho as opiniões, as discussões “online” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente.

O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente, os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas online.

Quero sossego, mas querem me expandir, esticar meus braços em tentáculos digitais, meus olhos no “google”, (“goggles” – olhos arregalados) em órbitas giratórias, querem que eu seja ubíquo, quando desejo caminhar na condição de pobre bicho bípede; não quero tudo saber, ao contrário, quero esquecer; sinto que estão criando desejos que não tenho, fomes que perdi. Estamos virando aparelhos; os homens andam como robôs, falam como microfones, ouvem como celulares, não sabemos se estamos com tesão ou se criam o tesão em nós. O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecnociência nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas vivas, chips, pílulas para tudo, enquanto a barbárie mais vagabunda corre solta no País, balas perdidas, jaquetas e tênis roubados, com a falsa esquerda sendo pautada pela mais sinistra direita que já tivemos, com o Jucá e o Calheiros botando o Chávez no Mercosul para “talibanizar” de vez a América Latina. Temos de ‘funcionar’ – não viver. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias do tráfico entre chips e “websites”.

Escritores Fantasmas

O leitor perguntará: “Por que este ódio todo, bom Jabor?” Claro que acho a revolução digital a coisa mais importante dos séculos. Mas estou com raiva por causa dos textos apócrifos que continuam enfiando na internet com meu nome.

Já reclamei aqui desses textos, mas tenho de me repetir. Todo dia surge uma nova besteira, com dezenas de e-mails me elogiando pelo que eu “não” fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam – “Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro...’”

“Não fui eu...”, respondo. Elas não ouvem e continuam: “Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite...’” Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: “Ah... É teu melhor texto...” – e vão embora, rebolando, felizes.

Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “antispam” para bobagens.

Vejam mais o que “eu” escrevi: “As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!”... Luto dia e noite contra cacófatos e jamais escreveria “cós acaba!”. Mas, para todos os efeitos, fui eu. Na internet eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno... (dirão meus inimigos: “Finalmente, ele se encontrou...”)

Vejam as banalidades que me atribuem:

“Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”
Ou: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”

Ainda sobre a mulher: “São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.”
Há um texto bem gay sobre os gaúchos, há mais de um ano. Fui “eu”, a mula virtual, quem escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.

Esta semana descobri mais. Há um texto rolando (e sendo elogiado) sobre “ninguém ama uma pessoa pelas qualidades que ela tem” ou outro em que louvo a estupidez, chamado “Seja Idiota!”...

Mas o pior são artigos escritos por inimigos covardes para me sujar. Há um texto de extrema direita, boçal, xingando os brasileiros, onde há coisas como: “Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada, não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora... O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro – gosta de apanhar...”

E o pior é que muita gente me cumprimenta pela “coragem” de ter escrito esta sordidez.

Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi. Na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista. É bonito isso?

Penso que a motivação das pessoas atribuem os textos a autores consagrados, unanimidades literárias e personalidades famosas e conhecidas por todos é ajudar na aceitação da mensagem. Opiniões que elas acreditam e que quase sempre estão ligadas a seus instintos de sobrevivência, reprodução e afirmação. E entender a origem destes textos apócrifos e até mesmo as lendas urbanas é memética - estudos dos memes - na prática.


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